Uma matéria publicada pela BBC News Brasil relaciona a saúde intestinal com os hábitos de sono. De acordo com a pesquisa em que os autores se basearam, a saúde da microbiota intestinal se relaciona diretamente com o ciclo circadiano e o nosso período de sono.
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O ciclo circadiano se caracteriza pelo conjunto de mudanças fisiológicas que ocorrem no nosso organismo no decorrer do dia, desde os períodos de maior atividade, como manhã e tarde, até o período em que a atividade começa a diminuir, como fim da tarde e à noite. Para resumir, o ritmo circadiano é como um relógio interno que diferencia todos os momentos pelos quais passamos no decorrer do dia e que tem impacto físico e mental.
O equilíbrio do ritmo circadiano é muito importante para a nossa saúde. O desequilíbrio entre o período de sono e atividade, como dormir pouco ou até mesmo a mudança significativa do horário de alguma refeição são dois exemplos em que percebemos com clareza a importância da nossa “rotina biológica”.
Atualmente, nosso estilo de vida acaba desrespeitando em certa medida o ciclo circadiano, pois além de estarmos em menor contato com a luz natural, especialmente para quem trabalha em ambientes fechados, passamos cada vez mais tempo em frente às telas de smartphones, computadores e televisões, o que, muitas vezes, pode contribuir para afastar o sono.
Diante disso, estudos indicam que esse desequilíbrio do nosso relógio interno pode afetar a saúde da nossa microbiota e vice-versa. Muitas disfunções no ciclo estão ligadas a mudanças no metabolismo e nos processos de digestão e essas disfunções podem resultar na alteração do metabolismo da glicose, por exemplo, o que pode contribuir para ganho de peso e aumento da pressão arterial, assim como pode haver uma perturbação dos hormônios que regulam o apetite. Essas condições podem resultar em condições como: diminuição da sensibilidade à insulina, menor tolerância à glicose e uma alteração do perfil lipídico. Todos esses fatores têm impacto direto na microbiota.
A digestão é um bom exemplo da relação que o ciclo circadiano tem com a nossa microbiota. Durante o dia, a digestão ocorre de maneira mais constante, pois o intestino está ativo e em condições para absorção de nutrientes. Vale ressaltar que os órgãos envolvidos na digestão buscam sincronia entre si, por isso o atraso de uma refeição pode causar um desequilíbrio do ritmo normal do intestino, o que, por sua vez, altera a composição e função das bactérias da microbiota.
Sabemos que a microbiota é influenciada por muitos fatores, o maior deles são os nossos hábitos alimentares, portanto, a mudança de horários das refeições também têm impacto na microbiota, pois as bactérias apresentam suas próprias variações no decorrer do dia, tanto em funções como na composição propriamente dita.
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Estudos indicam que as bactérias têm seu próprio ciclo circadiano (e tentam sincronizá-lo com o do hospedeiro) e que a microbiota sofre alterações por conta do desequilíbrio no ciclo circadiano, pois eles ativam ou desativam genes envolvidos no metabolismo, dependendo da hora. A relação da microbiota e do ciclo circadiano é uma via de mão dupla. O desequilíbrio do ciclo pode ocorrer de duas formas: por meio da produção de metabólitos (a partir da nossa alimentação) ou através das mudanças de horário que modulam a presença de determinadas bactérias. Os metabólitos produzidos na microbiota vão para a corrente sanguínea e podem estimular o sono.
De acordo com a matéria, o neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (que vem da fermentação de fibras alimentares na microbiota) também ajuda a estimular o sono, por meio de uma ação nos mecanismos sensoriais da veia porta (vaso que leva sangue dos intestinos ao fígado).
Ademais a microbiota também pode responder ao ciclo circadiano interferindo na quantidade de alguns grupos bacterianos, podendo até atingir um estado de disbiose, em que há a predominância de bactérias nocivas.
Vale destacar que a maior parte das pesquisas sobre essa relação da microbiota e o ciclo circadiano foram realizadas em animais, portanto, ainda há muito a ser explorado sobre esse tema.
Leia o texto na íntegra em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-64148783